quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Onde o futebol moderno não tem vez #1: Vallecas (Madrid)

Sempre fui um apaixonado pelo futebol. Com 5 anos eu já lia revistas e mais revistas sobre o esporte inglês. Em 2002 (com 3 anos) sabia todos os resultados dos jogos da Copa do Mundo, e conforme fui crescendo, fui me interessando cada vez mais pelo esporte e por tudo o que ele engloba. Isso inclui disputas nacionalistas, ideológicas, religiosas, etc. E é incrível como algo que pode ajudar tanto a aprender sobre assuntos importantes (como ajudou a mim) é visto por grande parte da sociedade como apenas mais um “ópio” para o povão.

No ano passado, viajei para Europa com o meu tio. O primeiro destino era Madri, e eu ia assistir Rayo Vallecano x Barcelona, e eu mal conhecia o time local. O jogo era bem no dia que eu cheguei lá. Desembarquei mais ou menos às 13h e para conseguir comprar ingresso, eu sai do aeroporto, fui até o hotel para deixar as malas e depois até o estádio, que era no outro lado da cidade (tudo isso de metrô, e as bilheterias fechavam às 14h).

Pisamos no bairro de Vallecas (onde fica o estádio do Rayo) exatamente às 14h. Eu e meu tio saímos correndo até o estádio, e chegamos lá depois de uns 2 minutos. E já veio aquele desânimo ao ver um segurança na frente da porta, que nos dizia insistentemente “llegó demasiado tarde”. Nós e mais uns 5 torcedores ficamos lá, implorando ao segurança para nos deixar comprar o ingresso. “Venimos de Brasil a ver este juego”, dizíamos. Enfim, depois de uns 10 minutos de insistência e apelo emocional, o homem cedeu e resolveu nos deixar comprar.

Um cara nos atendeu na bilheteria, perguntando se queríamos ficar na torcida do Rayo ou do Barcelona. Respondi de bate-pronto que na do Rayo, e ele, com um sorriso de satisfação e surpresa, nos vendeu o desejado ingresso.

Passamos o resto do dia passeando pela cidade, até que chegou a hora de ir ao jogo. Tomamos nosso caminho ao estádio e, ao pisar nas proximidades dele, comecei a ouvir cantos vindos de dentro um bar do lado do campo. Logo aquele arrepio já percorreu meu corpo inteiro, com um misto de emoção por estar ali e expectativa para a partida. Entramos no acanhado estádio bem antes do horário de jogo, e fiquei por lá apreciando a movimentação e chegada dos Bukaneros (ultras do Rayo).

O jogo em si foi o de menos. Começou até que equilibrado, mas sempre chega a hora em que a técnica vence a vontade, e o Barcelona abriu o placar. A partida acabou em 5 a 0, mas a torcida do Rayo não parou de cantar nem por um minuto, mostrando o orgulho que aquele time é para todo o bairro. O que mais me importava naquele momento é ver aquela gente, sentir o clima, e não ver Messi e Iniesta na minha frente.

Mesmo perdendo por 5 a 0 em casa, nos mostraram que o que faz com que um time seja grande não são títulos, e sim valores. Não importa o placar, não importa a qualidade do elenco, a técnica. Futebol é muito mais do que isso. Futebol é paixão e orgulho. E é essa paixão que nos faz apaixonados pelo futebol.

Bukanerooooos

Lionel Messi, na minha frente.

Final de jogo: Rayo 0 x 5 Barça.


Lista Ultras #1 - Espanha

Para quem curte, segue abaixo uma lista que montei com a posição política, rivalidades e alianças de alguns grupos ultras da Espanha.


Espanyol: 
- Nome do grupo: Brigadas Blanquiazules.
- Posição política: extrema-direita, anti-separatismo catalão.
- Alianças: Ultras Sur (Real Madrid) e Irriducibili (Lazio-ITA).
- Rival: Boixos Nois (Barcelona).

Sevilla:
- Nome do grupo: Biris Norte.
- Posição política: esquerda, anti-fascismo.
- Alianças: Bukaneros (Rayo Vallecano), Riazor Blues (Deportivo) e Kolectivo Sur (Xerez).
- Rivais: Supporters Gol Sur (Betis), Frente Atlético (Atlético), Frente Bokeron (Málaga) e Ultras Sur (Real Madrid).

Valencia:
- Nome do grupo: Yomus.
- Posição política: extrema-direita.
- Boa relação com (não há aliança): Ultra Boys (Sporting Gijón), Gaunas Sur (Deportivo Logroñés) e Jove Elx (Elche).
- Rivais: Boixos Nois (Barcelona) e grupos separatistas em geral.

Zaragoza
- Nome do grupo: Ligallo Fondo Norte.
- Posição política: extrema-direita.
- Boa relação com: Ultra Boys (Sporting Gijón), Frente Onuba (Recreativo Huelva), Frente Bokerón (Málaga), Ultras Sur (Real Madrid) e Yomus (Valencia).
- Rivais: Indar Gorri (Osasuna), Boixos Nois (Barcelona) e Colectivo 1932 (do próprio Zagaroza).

Atlético de Madrid
- Nome do grupo: Frente Atlético.
- Posição política: extrema-direita.
- Alianças: Supporters Gol Sur (Betis), Ultra Boys (Sporting Gijón) e Pshyco (Ruch Chrozow-POL).
- Rivais: Ultras Sur (Real Madrid), Biris Norte (Sevilla), Riazor Blues (Deportivo) e Bukaneros (Rayo).

Barcelona
- Nome do grupo: Boixos Nois.
- Posição política: separatismo catalão.
- Alianças: Standarte Bremen (Werder Bremen - ALE) e Frente Atlético (Atlético).
- Rivais: Ultras Sur (Real Madrid), Brigadas Blanquiazules (Espanyol), Ligallo Fondo Norte (Zagaroza) e Yomus (Valencia).

Real Madrid
- Nome do grupo: Ultras Sur.
- Posição política: extrema-direita.
- Alianças: Brigadas Blanquiazules (Espanyol) e Irriducibili (Lazio-ITA).
- Rivais: Boixos Nois (Barcelona), Frente Atlético (Atlético), Bukaneros (Rayo), Indar Gorri (Osasuna) e Herri Norte Taldea (Athletic Bilbao).

Málaga
- Nome do grupo: Frente Bokerón.
- Posição política: extrema-direita.
- Boa relação com: Orgullo Numantino (Numancia), Ultras Sur (Real Madrid), Brigadas Blanquiazules (Espanyol) e Ultras Violetas (Valladolid).
- Rivais: Biris Norte (Sevilla), Bukaneros (Rayo Vallecano) e Supporters Gol Sur (Bétis).

RAYO VALLECANO
- Nome do grupo: Bukaneros.
- Posição política: esquerda, anti-fascismo.
- Alianças: Riazor Blues (Deportivo), Brigadas Amarillas (Cádiz), Herri Norte Taldea (Athetic Bilbao).
- Rivais: Ultras Sur (Real Madrid), Frente Atlético (Atlético), Frente Bokerón (Málaga) e Ligallo (Zaragoza).

Deportivo La Coruña
- Nome do grupo: Riazor Blues.
- Posição política: esquerda, anti-fascismo.
- Alianças: Bukaneros (Rayo) e Biris Norte (Sevilla).
- Rivais: Ultras Sur (Real Madrid) e Celtarras (Celta de Vigo).

Betis
- Nome do grupo: Supporters Gol Sur.
- Posição política: extrema-direita.
- Boas relações com: Frente Atlético (Atlético) e Ultra Boys (Sporting Gijón).
- Rivais: Biris Norte (Sevilla), Brigadas Amarillas (Cádiz), Ultras Sur (Real Madrid), Bukaneros (Rayo), Herri Norte Taldea (Athletic Bilbao) e Indar Gorri (Osasuna).

Osasuna
- Nome do grupo: Indar Gorri.
- Posição política: esquerda, separatismo basco, anti-fascismo.
- Boas relações com: Herri Norte Taldea (Athletic Bilbao), Bukaneros (Rayo), Brigadas Amarillas (Cádiz), Biris Norte (Sevilla), Celtarras (Celta de Vigo).
- Rivais: Brigadas Blanquiazules (Espanyol), Ultras Sur (Real Madrid), Frente Atlético (Atlético), Boixos Nois (Barcelona), Ligallo (Zaragoza) e Supporters Gol Sur (Betis).

Athetic Bilbao
- Nome do grupo: Herri Norte Taldea.
- Posição política: esquerda, separatismo basco, anti-fascismo.
- Alianças: Indar Gorri (Osasuna), Bukaneros (Rayo), Biris Norte (Sevilla) e Riazor Blues (Deportivo).
- Rivais: Ultras Sur (Real Madrid), Frente Atlético (Atlético), Supporters Gol Sur (Betis).