quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Entrevista com "Os Tigres", movimento barra-brava do Criciúma

Em meio a um cenário cada vez pior no Brasil de públicos ruins nos jogos e repressão à festa das torcidas, o verdadeiro futebol respira em Criciúma. A torcida "Os Tigres" foi fundada em 2006, e desde lá vem crescendo muito, enchendo as arquibancadas e apoiando o Criciúma, sempre passando uma mensagem de paz no futebol.


O blog Além dos Noventa Minutos conversou com a barra do Tigre, em entrevista que você confere abaixo:

 1: Primeiramente, gostaria de saber um pouco mais sobre a história, ideias e estrutura (formato) da torcida.
R: A torcida OS TIGRES teve seu início em outubro de 2006, notando a existência de apenas uma torcida atrás de um dos gols do estádio Heriberto Hulse, sentimos a necessidade de puxar os demais torcedores a participarem do jogo ativamente sendo ouvidos dentro de campo. Inicialmente composta por poucos membros que combinaram o encontro na arquibancada através do Orkut, com poucas faixas, uma cubana e apenas um canto diferente dos entoados no estádio, dava-se início o movimento barra Os Tigres setor n.
A ideia inicial era de apoio incondicional ao Criciúma Esporte Clube durante todo o jogo, independente de resultados, sempre apoiando a camisa e clube, evitando até pedir jogadores do banco de reservas, para que o apoio fosse total para os que estivessem dentro de campo defendendo nossas cores.
Hoje mais estruturada, a torcida Os Tigres é dividida em departamentos com responsáveis por cada função, são eles: dep. de panos, dep. de marketing, dep. comercial, dep. de viagens, dep. de banda e dep. multimídia. Temos um núcleo administrativo que conta com 10 pessoas responsáveis por todas as decisões tomadas, não existe presidente e ninguém tem autonomia para tomar qualquer decisão sozinho.
 
2: No início da barra, como foi a aceitação geral dos torcedores "comuns" do Criciúma, principalmente pelo fato de a mídia formar opiniões negativas dos grupos de torcida?
R: Por um ou dois jogos algumas pessoas ironizavam a situação até pelo pequeno número de componentes, mas logo o movimento atras do gol começou a chamar a atenção positivamente, por condenar a violência tão presente nos estádio brasileiros e proibir o consumo de drogas nas viagens e na própria arquibancada. Sem ganhar ingressos e com todos os membros sendo sócios do Criciúma a credibilidade só aumentou ao longo do tempo. 
3: Muitos grupos ao redor do mundo tem problemas com a polícia. Como é a relação de vocês com a polícia?
R: Inicialmente existia uma certa desconfiança por parte de ambos os lados, com o passar do tempo e com a realização de inúmeras reuniões a proximidade entre torcida e polícia foi aumentando, hoje podemos dizer que temos uma relação muito boa, inclusive conseguindo a liberação por parte deles, de materiais proibidos em quase todos os estádio do Brasil.
 
4: Qual a posição de vocês em relação às novas leis de comportamento nos estádios, que restringem o uso de sinalizadores, etc.?
R: Estas leis são a total aceitação do ministério público, polícias e governantes de que são INCOMPETENTES e incapazes de desempenhar suas funções adequadamente, por não terem a capacidade de eliminar marginais que atormentam o futebol brasileiro, punem aqueles que apenas buscam apoiar seu time e embelezar seu estádio, são ainda, apoiados por jornalistas sem escrúpulos e vendidos para suas empresas, que apenas defendem seus interesses e não o bem comum.
 
5: São ou já foram frequentes os casos de brigas com outras torcidas? Se sim, com quais rivais?
R: O único confronto da Os Tigres com outras torcidas, foi no caso em que marginais da torcida Mancha Azul do Avaí, jogaram uma bomba na arquibancada que acabou por arrancar a mão do senhor Ivo, um aposentado de mais de 60 anos que tinha um AVC e não conseguiu sair de perto da bomba, neste caso, qualquer pessoa com sangue nas veias partiria pra cima.
                                  Vídeo da bomba que arrancou a mão de torcedor do Criciúma.
  6: Com que adversários o clima é de maior tensão?
R: Avaí, Figueirense, Grêmio e Corinthians. 
7: Em cidades que não possuem times considerados grandes no cenário nacional, muitas vezes as pessoas torcem para um grande e tem o clube da cidade como segundo time. Em Criciúma também acontece isso? Qual a opinião de vocês em relação a essas situações?
R: Estes são os famosos "filhos da mídia", pessoas que escolhem times influenciados pela TV. Antigamente tinham muitas pessoas assim por aqui, ainda existem, mas a maioria esmagadora que frequenta o HH é Criciúma e só Criciúma, desenvolvemos uma campanha intensa nos últimos anos afim de mudar esta situação, e hoje, podemos dizer que logramos êxito, se você for ao HH dificilmente você verá camisas de outros times que não o nosso manto tricolor.
Existem ainda aqueles que escolhem um time influenciado pelo pai, mas sempre tentamos conscientizar as pessoas de que elas devem torcer para o time da sua cidade, da sua terra, e não para de outros lugares que nem sabem que eles existem.
 
8: Expectativa para o restante da campanha do Criciúma no Brasileirão.
R: A expectativa é de melhora, nosso objetivo neste primeiro ano de volta ao brasileirão é modesto, mas acreditamos não só na permanência do time na Série A como em uma classificação para a Copa Sul-Americana. Com a troca da nossa preparação física, acreditamos que estes objetivos podem ser atingidos, e caso não sejam, continuaremos na arquibancada ao lado do nosso glorioso Tigre, apoiando sua volta sempre. 
9: Por fim, deixo livre este espaço para vocês passarem uma mensagem final aos leitores.
R: O futebol no Brasil é muito mais do simples partidas de um esporte, ele faz parte da cultura, notamos formas diferentes de jogar, de torcer e comemorar, de cobrar e de sofrer, cada região do país funciona de uma forma, devemos sempre respeitar as divergências e procurar o entendimento.
No caso das torcidas, ou paramos com esta violência desenfreada, ou estaremos dando argumentos para que vermes oportunistas consigam nos silenciar.
Por fim devemos nos unir para evitar a total elitização do futebol e esta ânsia de imitar europeu, de uma vez por todas, somos brasileiros, não europeus e não queremos assistir partidas de futebol sentados em cadeiras como espectadores, queremos continuar sendo TORCEDORES.  

Confira abaixo alguns vídeos da Os Tigres em ação no Heriberto Hulse:

Hoje, esta torcida serve de exemplo para as demais organizadas no Brasil. Faz muita festa, mas também não passa dos limites com brigas e confusões. Ficam aqui meus sinceros agradecimentos ao pessoal da barra que foram muito atenciosos e solícitos em conceder a entrevista ao blog.

6 comentários:

  1. Exemplo de torcida, amor incondicional pelo criciuma.

    ResponderExcluir
  2. Barra Brava bem diferente de torcida organizadaa, no mais tudo certo.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Sim. Usei o termo 'torcida organizada' mais como referência a quem lê.

      Excluir
  3. Respostas
    1. Voei de Campinas para Criciuma apenas para assistir uma partida do carvoeiro e ver esta torcida que sem dúvida nenhuma, é a que mais apóia neste brasil!!

      Parabéns Os Tigres!

      Excluir